Passava das 4 horas
da manhã quando ele resolveu deitar pra tentar dormir. Os pensamentos
conturbados não o deixavam se desligar do mundo lá fora e se entregar ao
mundo dos sonhos.
O silencio da rua
completamente deserta era quebrado apenas pelos vigilantes que passavam de hora
em hora pra dizer que estava tudo bem. Nada de diferente havia acontecido
naquela ultima hora.
Dava pra ouvir o
som das folhas balançando com o vento.
O computador ligado,
tela fixa nas redes sociais atualizadas a cada minuto, na esperança de ter algo
que lhe chamasse a atenção. O dedo rolando o botão central do mouse como quem
quisesse que a vida passasse na mesma velocidade, mas não passava. Ilusão amarga que
a vida joga sem nenhuma cerimonia na nossa cara.
Abria a pagina do seu
blog pessoal para escrever algo feliz, amável, mas só conseguia colocar no
"papel" aquilo que lhe incomodava.
Aproximar se das
pessoas tem seus riscos. Algumas vezes ele se perde pelo caminho por não saber como
lidar com isso, outras deixava as pessoas o perderem por coisas tão
insignificantes na vida real mas tão absurdamente grandes no mundo virtual que
de certa forma acabava se estressando e sua paciência que já não era lá muita
coisa acabava como um passe de magica.
Outro dia viu uma
linda moça no ônibus, sorriso hipnotizante, uma energia tão contagiante que ele não conseguiu desviar seus olhos e sua atenção durante o tempo que permaneceu no ônibus. Ela estava completamente descontraída conversando com sua amiga e
sequer o notou entrar, sentar, olha-la e descer. Foi completamente invisível
aos seus olhos, não porque ela não prestara atenção ao seu redor mas pelo simples
fato de estar tão descontraída a conversar com sua amiga. Alguns dias depois a
achou nas redes sociais, enviou uma solicitação de amizade que prontamente
foi aceita. Começaram a conversar e foram descobrindo a cada novo assunto
muitas coisas que tinham em comum. Não demorou muito pra um sentimento
diferente começar a surgir, pelo menos ao que lhe parecia a reciproca era
verdadeira. Ela dizia palavras carinhosas que o deixavam ainda mais
interessado.
Por algum tempo teve
certeza que havia encontrado quem ele desesperadamente procurava nessa vida de
amores impossíveis e platônicos. Mas as coisas começaram a mudar de uma hora
pra outra. As mensagens já não eram tão carinhosas como antes, demorava mais
nas respostas, uma certa frieza pairava no ar e o pior de tudo sempre uma
desculpa diferente para evitar um encontro pessoalmente.
Ele se viu mais uma
vez num beco sem saída, acuado, sem expectativas e por instinto de defesa
decidiu se afastar.
Pode ter sido a pior
escolha a ser tomada mas pelo menos por agora achava o mais sensato a se fazer,
já que ainda não havia cruzado a linha do precipício. Ainda tinha tempo de voltar um
passo atrás e não se machucar tanto como nas outras vezes.
Pode ter sido apenas
a imensa vontade de amar e ser amado por ser quem e como era, se foi, pelo menos
foi sincero, verdadeiro e integro nas suas intenções. Assim se absolveu de
qualquer culpa de estar fazendo a coisa errada.
Durante esses dias
de conversa seus sonhos foram mais felizes, sempre com a mesma pessoa todos os
dias. Não poderia estar mais uma vez enganado e se enganando. Os indícios eram muitos, não conseguia acreditar que mais uma vez ele estava errado, ou melhor, escolhera alguém que não o completava.
Então por defesa
mais uma vez bloqueou esse tipo de sentimentos dentro de si até o dia
que ele pudesse ter a certeza que quem ele havia escolhido para amar o escolhera também.
Sem medo, sem amarras, sem hipocrisia.
E até lá que a vida
siga seu curso como a água que mansamente avança pelo leito de um rio a caminho
do mar.
Um mar de incertezas
como a própria vida. Se pra bem ou mal pouco o importava, o que lhe importava realmente era não mais sentir a dor de perder quem nunca o pertenceu um dia.
Tom Weiss